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Os passageiros do voo LA3367 da Latam que decolou do Galeão na manhã desta quinta-feira, com destino a Guarulhos, em São Paulo, foram surpreendidos quando o piloto anunciou que retornaria para o aeroporto de origem pouco depois da decolagem, quando ainda sobrevoava a região de Xerém, na Baixada Fluminense. O motivo foi a colisão de um pássaro contra o bico do Airbus A321-231. Uma foto da parte frontal da aeronave mostra o grande buraco aberto na fuselagem. Ao todo o voo durou apenas 14 minutos, com decolagem às 10h50 e aterrisagem às 11h04.
Em sua conta no Linkedin, o CEO da companhia aérea publicou texto dizendo que o avião pousou em segurança, mas aproveitou para fazer reclamar de ações judiciais que, segundo ele, devem ser abertas a partir do incidente: "Hoje um desabafo! Agora há pouco, mais uma colisão com pássaro (chamado "bird strike" na aviação). A aeronave voltou em segurança mas obviamente o voo foi cancelado, atrapalhando a vida de todos os passageiros, e obviamente da cia aérea também. Posso apostar com vocês que a primeira ação na justiça contra a cia aérea, pedindo indenização por dano moral por cancelamento deste voo vai chegar amanhã mesmo e assim segue a aviação brasileira a pergunta é: quem paga a conta?"
Um seguidor comentou no post em tom de crítica: "Se eu fico doente e perco um voo, a Latam vai me cobrar uma multa tenebrosa + a diferença tarifária absurda (porque os voos de última hora são uma piada de mau gosto, às vezes custando 4 mil reais no trecho rio-sp) sem que eu possa me justificar fazer a companhia entender que se tratou de uma situação excepcional". E continuou: ""respondendo à sua pergunta, quem paga a conta somos nós consumidores. As passagens estão cada vez mais caras e eu não tenho dúvidas de que a precificação já inclui o risco jurídico no cálculo do lucro".
Em nota, a Latam lamentou "os transtornos causados" e informou que "está oferecendo a assistência necessária para todos os clientes impactados, que serão reacomodados em voos da companhia previstos para hoje e amanhã".
Em nota, o RIOgaleão informou que "a colisão foi registrada a uma altitude classificada como colisão fora do sítio aeroportuário de acordo com o Plano de Gerenciamento do Risco da Fauna da concessionária, aprovado pela ANAC" e que os dados registrados serão encaminhados à agência e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
A empresa disse ainda que "realiza diariamente ações de manejo de fauna para reduzir os riscos de colisões entre aeronaves e aves" dentro da área do aeroporto. entre essas ações estão o "monitoramento e dispersão de aves, incluindo atividades de falcoaria", técnica que usa falcões para afugentar aves que possam vir a se estabelecer em locais onde potencialmente haja risco para a operação do aeroporto.
O RIOgaleão informou ainda que "por volta das 10h50 desta quinta-feira, recebeu da Torre de Controle um aviso sobre a colisão de uma aeronave com um pássaro" e que a "aeronave retornou ao aeroporto, pousou normalmente e todos os passageiros desembarcaram em segurança". De acordo com a concessionária não houve alteração na operação do aeroporto.
Há pouco mais de uma semana, na terça-feira, dia 11, um avião da Gol com destino a Fortaleza, no Ceará, colidiu contra um carro de manutenção do Galeão no momento em que se preparava para decolar. Imagens divulgadas nas redes sociais mostravam a cabine da caminhonete Chevrolet S10 completamente destruída pelo Boeing 737 Max que acelerava na pista do aeroporto. A batida é alvo de uma investigação.
As colisões com pássaros, um fenômeno que possivelmente causou a queda de um Boeing da companhia aérea Jeju Air na Coreia do Sul em dezembro do ano passado, provocaram muitos acidentes aéreos, a maioria deles sem gravidade.
Desde 1988, as colisões com aves causaram 262 mortes humanas e destruíram 250 aeronaves em todo o mundo, de acordo com o Australian Aviation Wildlife Hazard Group (AAWHG), uma equipe criada pela aviação civil australiana. Estes números não incluem o acidente na Coreia do Sul, que deixou 179 mortos.
Em 2009, um avião da Airbus fez um pouso de emergência no Rio Hudson, em Nova York, após colidir com uma revoada de gansos. O episódio inspirou o filme Sully: O Herói do Rio Hudson, de 2016.