Saúde surpreende como bairro do Rio com maior concentração de bares

Estabelecimentos impulsionam a segurança e revitalizam áreas, mas moradores querem regras para garantir sossego à noite

Por Conexão no Ar em 19/01/2025 às 10:35:51
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Foto: Divulgação

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O bairro da Saúde, na região central do Rio, surpreende ao liderar o ranking de bairros com maior concentração de bares por quilômetro quadrado. Com uma impressionante média de 153 estabelecimentos, supera até mesmo áreas tradicionalmente boêmias como Lapa, Vista Alegre, Leblon e Copacabana, que completam o top 5 da lista, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e do IBGE.

O Largo São Francisco da Prainha e a Pedra do Sal, ícones da boemia carioca e berços do samba, transformaram a Saúde em um ponto de encontro que mescla tradição e descontração. A Rua Sacadura Cabral, onde bares tomam as calçadas, simboliza esse novo momento. Para o aposentado Magno Ferreira, de 84 anos, os bares trouxeram segurança às ruas, mas nem tudo é perfeito. "Aqui tem gente que reclama das calçadas cheias, mas andar com o celular na mão só é possível por causa do movimento desses bares. Às vezes, o som alto incomoda, mas dá para relevar", comenta Magno.

Já em Vista Alegre, na Zona Norte, a presença de 84 bares por quilômetro quadrado revitalizou o bairro. A auxiliar de enfermagem Ruth Farias, de 49 anos, celebra o crescimento do polo gastronômico: "Antes, não tínhamos opções legais. Agora, além de bons bares, temos mais iluminação e segurança. Embora o som alto e a ocupação das calçadas incomodem, é um avanço".

No Leblon, Dias Ferreira é o coração da boemia

No Leblon, com cerca de 80 bares por quilômetro quadrado, a sofisticada Rua Dias Ferreira (foto) é o coração da boemia. No entanto, para moradores como Vera, de 77 anos, o impacto é negativo. "As mesas ocupam as calçadas e até as ruas. É impossível circular em segurança, principalmente à noite ou nos fins de semana", desabafa. A relação entre moradores e bares, por vezes, exige negociação. Um exemplo é o Boteco Belmonte, que instalou janelas acústicas em prédios vizinhos para reduzir as reclamações sobre ruídos.

Copacabana, com média de 68 bares por quilômetro quadrado, mantém a essência dos botecos cariocas. No entanto, o presidente da associação de moradores, Horácio Magalhães, alerta para o impacto na qualidade de vida, especialmente em um bairro com grande número de idosos. "Há falta de diálogo e respeito. Alguns bares ocupam calçadas sem se preocupar com os moradores, deixando-nos sem alternativas", afirma.

Regras para ocupação de calçadas

A polêmica entre a boemia e o sossego impulsionou a criação de medidas para equilibrar interesses. A legislação permite o uso de calçadas, desde que um corredor de 1,5 metro seja mantido para pedestres. Após a flexibilização pós-pandemia, a prefeitura intensificou as fiscalizações, buscando garantir que bares respeitem horários e não promovam música ao vivo em áreas externas.

O presidente do SindRio, Fernando Blower, destaca que a boemia é parte essencial da cultura carioca e atrai turistas. "Os bares fazem parte da identidade do Rio, mas é preciso equilíbrio. A prefeitura deve assegurar acessibilidade e respeito às regras para que a convivência seja harmoniosa", conclui.

A cidade segue como referência mundial em vida noturna, mas o desafio de conciliar tradição boêmia e qualidade de vida permanece vivo em cada esquina.

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