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O verão chegou com força, e a estação mais quente do ano trouxe um desconforto que não está somente no calor, mas também no bolso: a significativa alta nos preços de produtos muito consumidos nesta época do ano. De lanches rápidos e sorvetes a roupas de banho, protetores solares, cervejas e refrigerantes, o custo de vida durante a temporada sobe, e muito, colocando à prova a capacidade de planejamento financeiro de muitas famílias.
De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que teve como base os números do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), enquanto a inflação geral acumulada até meados de dezembro foi de 4,71%, a chamada "inflação do verão" atingiu 5,05%.
Entre os itens mais impactados estão o lanche (+7,08%), o sorvete (+8,27%) e o protetor solar (+6,86%). Outros produtos também registraram aumentos significativos, como refrigerantes e água mineral (+6,66%) e cervejas (+4,35%). Por outro lado, produtos como roupas de banho e sandálias tiveram variações mais modestas, de 1,03% e 2,88%, respectivamente.
No setor de serviços, os gastos com hospedagem registraram alta de 7,31%, enquanto pacotes turísticos, curiosamente, apresentaram uma redução de 3,79%. Esse comportamento se explica, em parte, pelo planejamento antecipado de viagens — que pode oferecer preços mais competitivos — e pela maior concorrência no setor.
Para o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre — e responsável pelo estudo —, a melhor maneira de enfrentar os aumentos sazonais é fazer um planejamento financeiro de longo prazo.
"Separar uma parte do orçamento ao longo do ano para despesas de férias é essencial. Mesmo que não cubra tudo, ajuda a mitigar o impacto", orienta o especialista.
Ele também destaca que, embora alguns itens tenham registrado altas pontuais, outros serviços, como passagens aéreas, apresentaram quedas significativas de preços em comparação ao ano anterior.
"As férias não necessariamente trazem aumentos gritantes em todos os produtos, mas é importante estar atento aos vilões sazonais e se planejar para evitar surpresas", completou.
Perspectivas para consumidores e comerciantes
Segundo Bruno Carlos de Souza, CEO da SOUZAMAAS, a sazonalidade é determinante para a precificação de produtos de verão.
"Durante essa estação, a demanda por itens como sorvetes, protetores solares e roupas de banho dispara, muitas vezes superando a oferta. Além disso, campanhas publicitárias direcionadas e desafios logísticos, como o transporte de produtos refrigerados, também influenciam os preços", disse Bruno.
Ele também ressalta que o custo das matérias-primas, como açúcar e lúpulo, pode ser afetado pela maior procura, elevando os preços finais. Para os consumidores, isso significa arcar com o custo adicional das condições especiais necessárias para que os produtos estejam disponíveis nas prateleiras e pontos de venda.
Enquanto os consumidores enfrentam os desafios de equilibrar o orçamento, comerciantes e empresas também precisam lidar com os custos da sazonalidade.
*Com informações do Jornal Extra