O ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa negou nesta segunda-feira ter planejado o homicídio da vereadora Marielle Franco e atuado para proteger os supostos mandantes do crime — o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão.
O delegado prestou depoimento à Polícia Federal, na Penitenciária Federal de Brasília. De acordo com o advogado Marcelo Ferreira, que representa Barbosa, o delegado respondeu a todas as perguntas dos investigadores: "Ele nunca esteve com essas pessoas, não conhece essas pessoas. Ele entregou o celular dele para a Polícia Federal com todas as senhas e isso nunca foi levado em consideração. Cadê as conversas que teria tido com ele? Se foi combinado um ano antes que ele receberia um valor para poder não investigar um crime que acontecia no futuro, cadê qualquer elemento em relação a isso? Não tem, a Polícia Federal não conseguiu trazer isso e ficou muito claro no depoimento que realmente ele nunca teve contato com ninguém".
Durante o depoimento, Barbosa também afirmou sofrer uma "perseguição". O delegado ainda apontou fragilidades na investigação que culminou em sua prisão por supostamente ter planejado e atuado para proteger os mandantes do homicídio de Marielle.
No depoimento, Barbosa diz ter sido indicado à chefia da corporação, em março de 2018, pelo general Richard Nunes, então secretário de Segurança do Rio, que teria obedecido a um "critério técnico".
O delegado contou, no entanto, ter sido contraindicado ao cargo por um delegado da PF responsável pela Subsecretaria de Inteligência. Richard Nunes não teria consideradoplausíveis os motivos apresentados e manteve a indicação de seu nome.
Barbosa apontou ainda que um dos delegados da PF responsáveis por assinar o relatório final das investigações também trabalhava na Subsecretaria de Inteligência no momento de sua nomeação.
O ex-chefe da Polícia Civil também afirmou que o então chefe da Subsecretaria de Inteligência teria dito a outra delegada, após ser retirado do cargo por Richard Nunes, que iria "f " com a sua vida.
Questionado sobre como essa suposta perseguição "redundou na sua atual condição", Barbosa apontou que "a fragilidade probatória" denotariam "tal perseguição".
A realização do depoimento foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após Barbosa lhe enviar uma súplica em um bilhete. Na intimação entregue por um oficial de justiça, escreveu: "Ao Exmo. Ministro, por misericórdia, solicito que V.Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus".?