Delegado Maurício Demétrio, condenado por obstrução de justiça, é demitido da Polícia Civil pelo governador

Em janeiro deste ano ele foi condenado a quase 10 anos de prisão, em regime fechado

Por Adriana França em 16/12/2024 às 11:53:15
Foto: Reprodução

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O delegado Maurício Demétrio Afonso Alves foi demitido da Polícia Civil pelo governador Cláudio Castro. O decreto de demissão foi publicado nesta segunda-feira (16/12), no Diário Oficial do Poder Executivo.

Em janeiro deste ano, Maurício Demétrio foi condenado a quase 10 anos de prisão, em regime fechado, por obstrução de justiça. A decisão foi do juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio. Na sentença, o magistrado ainda determinou a perda da função pública do delegado. O juiz também determinou que Demétrio pague uma multa de R$ 367 mil. Rulière ainda decidiu que os R$ 240 mil em dinheiro que foram apreendidos na casa do delegado no dia de sua prisão fossem depositados em uma conta do estado.

Maurício Demétrio foi preso em 2021 na Operação Carta de Corso por suspeita de comandar um esquema que exigia propina de lojistas da Rua Teresa, em Petrópolis, para permitir a venda de roupas falsificadas. De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), para atrapalhar as investigações da Corregedoria da Polícia Civil Demetrio com outros policiais armaram um inquérito contra a delegada Juliana Ziehe. Os promotores afirmaram que foram forjados flagrantes, e evidências apreendidas foram destruídas. Demétrio iniciou um inquérito baseado em uma falsa narrativa de crimes, para combater as investigações contra policiais de sua própria delegacia.

O delegado foi membro da Polícia Civil por duas décadas, e passou por delegacias especializadas em crimes contra a propriedade imaterial, roubos e furtos, causas ambientais e do consumidor.

Ele também foi denunciado pelo Ministério Público por racismo. O MP apontou três episódios em que Maurício Demétrio exteriorizou seu desprezo por pessoas de cor preta ou fez ofensas racistas. Todas as falas ocorreram por meio do WhatsApp. Em um dos casos, em outubro de 2018, Demétrio chamou uma delegada aposentada de "macaca" e "criola". Em 2020, ele usou em uma conversa a expressão "tinha que ser preto" ao se referir ao então ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva. Outro episódio ocorreu em março de 2018, quando o delegado ironizou a morte da vereadora Marielle Franco, "que, no contexto do que restou demonstrado com a prova dos autos, assim o fez por preconceito racial, certo que a falecida vereadora era mulher de cor preta", afirmou o MP na denúncia.

Outra acusação contra Maurício Demétrio foi de que ele tentou duas vezes forjar acusações contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Em um das ocasiões, durante as eleições de 2020, ele fraudou uma "entrega de dinheiro" a Paes, que era candidato à prefeitura, com o objetivo de prendê-lo em flagrante. Na outra, a ação teria sido discutida com o delegado Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia Civil do Rio.

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