O filme "Ainda estou aqui" finalmente estreia nesta quinta-feira (7/11) nos cinemas brasileiros – e é difícil lembrar de um filme nacional que tenha gerado tanta expectativa nos últimos anos.
Mas não é difícil de entender. A adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva é:
- a maior chance do país receber mais uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional desde "Central do Brasil", em 1999;
- o reencontro – mesmo que breve – da grande dupla desse clássico, o diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Montenegro;
- e um aviso sobre as atrações e os perigos de governos autoritários, segundo a protagonista, Fernanda Torres. Assista ao vídeo acima.
Para a atriz de 59 anos, gerações mais jovens não se lembram de como era a ditadura militar. De fato, se for considerado que o regime acabou em 1985, dos millennials em diante ninguém cresceu com a repressão.
"A democracia também não conseguiu resolver a desigualdade, o ensino público, a saúde, a segurança. Eu acho que teve toda uma geração que veio que uma hora começou a pensar: 'será que o problema não é a democracia?'", diz Torres.
"Eu tenho certeza que esse cara, que cresceu em um país democrático, com todos os seus problemas, eu digo para ele: 'Eu juro para você que a democracia é falha, mas é o melhor que temos'."
"E eu acho que esse filme ajuda a essas pessoas a entenderem o que é viver em um país arbitrário, em um país no qual o governo faz atos tão injustos quanto matar o seu pai, levar sua irmã de 15 anos para um prisão e torturar pessoas."
Selton Mello, seu principal parceiro de cena, concorda. "É um filme necessário", afirma o ator.
"Eu não preciso ir muito longe, não. Eu tenho 51 anos. Eu cresci em um ambiente familiar em que eu não tive essa percepção. O meu pai chamava de 'revolução'. E aí, ator, adulto, é que eu fui entender o que era aquilo. Inclusive para dizer: 'Pai, não foi uma revolução'."