"Não há perdão para quem atenta contra a democracia e o seu próprio povo", afirma Lula

O ato batizado de "Democracia Inabalada" foi anunciado por Lula no final do ano passado, para que os ataques ao regime democrático não passassem em branco

Por Conexão no Ar em 08/01/2024 às 20:40:11
Foto: Reprodução

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Em discurso no ato do Senado que marcou o primeiro ano dos atos golpistas de 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a cooperação entre os Poderes após os ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso e à sede do STF. Essa união, frisou, fortaleceu a democracia. Ele disse que o país mergulharia em um "caos econômico e social", caso a tentativa de golpe se concretizasse. "Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra o país e contra o seu próprio povo", pontuou o petista.

O ato batizado de "Democracia Inabalada" foi anunciado por Lula no final do ano passado, para que os ataques ao regime democrático não passassem em branco.

"O perdão soaria como impunidade, e a impunidade como salvo conduto para novos atos terroristas no nosso país. Salvamos a democracia, mas a democracia nunca está pronta. Precisa ser construída e cuidada todo santo dia", complementou Lula.

Na mesma linha, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, afirmou que o fortalecimento da democracia não permite confundir paz e união com impunidade. Assim como ele, a governadora Fátima Bezerra (PT-RN), que discursou em nome dos chefes dos executivos estaduais, exclamou o lema "sem anistia", ao defender a punição dos mentores e financiadores dos atos golpistas, e não apenas dos que foram presos nos atos de vandalismo.

Moraes enfatizou ainda ser urgente a regulamentação das redes sociais para que elas não continuem como uma terra sem lei, terreno fértil para "o populismo extremista digital e seus aspirantes a ditadores".


A solenidade começou por volta das 15h, no Salão Negro do Congresso. Participam do evento os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); do STF, Luís Roberto Barroso; e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também participou o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Pacheco reafirmou o compromisso com a democracia e ressaltou que os atos não representam uma vontade popular. "Os inimigos da democracia disseminam ódio para enganar e recrutar uma parcela da sociedade. Os inimigos da democracia usam um falso discurso político para ascender ao poder, para nele se manter de maneira ilegítima e para dissimular suas reais intenções", disse o senador.

"As instituições republicanas, por outro lado, são verdadeiramente fortes — fortes, porque respaldadas pelo mais elementar dos poderes, aquele que emana do povo. E quem tem força não precisa demonstrá-la de maneira vã", defendeu Pacheco.

O presidente do Senado também anunciou a retirada das grades que cercam o Congresso Nacional, em um ato simbólico.

Barroso pregou a pacificação. "Que venha um tempo de pacificação no qual as pessoas que pensam de maneira diferente possam sentar na mesma mesa e expor seus argumentos sem se ofenderem ou se desqualificarem", afirmou: "Precisamos de um choque de civilidade no país. Ódio nunca mais".

"Banalizou-se o mal. Não há mais espaço na vida brasileira para quarteladas", defendeu Barroso.

Moraes, no início de seu discurso, destacou a união entre os Poderes para enfrentar os efeitos dos ataques. "A democracia venceu. O estado constitucional prevaleceu", disse o ministro.

"Hoje também é momento de reafirmar para o presente, que somos um único povo, que brasileiros e brasileiras devem estar no centro de todas as instituições. A democracia não nos permite confundir paz e união com impunidade", continuou Moraes.

O ministro também defendeu a responsabilização dos autores e daqueles que "pactuaram" com a investida golpista. "Apaziguamento não representa paz, nem união", disse.

Além dos chefes dos Poderes, estiveram presentes diversas autoridades, como ministros, os comandantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Força Aérea), governadores, prefeitos, juristas e parlamentares ligados ao governo. Também esteve no evento a ministra aposentada do STF Rosa Weber, que ocupava a presidência do Supremo durante os atos antidemocráticos.

Ao todo, cerca de 500 convidados participaram do evento.

Na abertura do ato, o hino nacional foi cantado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhada pelo grupo Choro Livre.

Tapeçaria de Burle Marx é recuperada

No início da solenidade, autoridades fizeram uma espécie de reapresentação da tapeçaria de 1973 de Burle Marx após a restauração. Em 8 de janeiro, a obra foi rasgada e suja de urina por vândalos.

A governadora Fátima Bezerra destacou a importância histórica do evento e pediu a responsabilização dos autores e financiadores dos ataques antidemocráticos.

"Não se trata de sentimento de vingança ou revanchismo. É, antes de tudo, um ato pedagógico. Os que atentaram contra a nossa democracia cometeram crime e precisam responder pelos seus atos", afirmou a governadora. "A impunidade concretiza um esquecimento e é uma afronta ao direito à memória, à verdade e à justiça. Nosso dever é contribuir para que esse passado sombrio não seja esquecido e para que nunca mais aconteça", ressaltou.

Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, falou sobre a atuação do Ministério Público na investigação das responsabilidades pelos atos. "Essa é a nossa forma de prevenir que o passado que se lamenta não ressurja recrudescido e venha a desordenar o porvir", disse o PGR.

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