Pelo menos três meses antes da execução de Marielle Franco, Ronnie Lessa esteve perto de matar a vereadora. Segundo disse em delação premiada, o ex-PM que confessou o crime afirmou que ela estava em um bar na praça da bandeira com amigos, mas que ele "perdeu a oportunidade".
"Esse bar da Praça da Bandeira. Porque esse bar, é, eu já tinha perdido uma oportunidade porque o Macalé não tinha chegado a tempo. E ela estava sentada nesse bar, não sei como o Macalé soube disso. Mas alguém que estava seguindo ela falou: 'ela está no bar'. Alguém estava seguindo ela", disse Lessa.
Macalé é Edmilson Oliveira da Silva, apontado pelas investigações como interlocutor dos executores com os mandantes. Macalé foi morto em novembro de 2021.
Lessa e Élcio de Queiroz foram presos juntos em março de 2019, suspeitos de serem os assassinos. Élcio foi o primeiro a delatar e confessou ter participado do crime, dirigindo o carro usado para matar Marielle e o motorista Anderson Gomes, em fevereiro de 2018.
Lessa confirmou o que as investigações já mostravam, que ele pagava uma espécie de mesada ao comparsa mesmo após os dois serem presos.
Na delação premiada, cujo sigilo foi levantado parcialmente nesta sexta-feira (7), o ex-policial Ronnie Lessa, preso pelo assassinato da vereadora Marielle, disse que o endereço de Marielle era muito policiado e, por isso, a emboscada teve que ser em outro local.
O assassinato ocorreu em março de 2018. Lessa foi preso em 2019, por suspeita de ser um dos executores do crime. Ele já foi condenado e prestou depoimento de delação premiada em 2023.
Na delação premiada, ele conta o que sabe em troca de eventual diminuição da pena.
Nesta sexta-feira (7), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a transferência do Lessa para o presídio de Tremembé, em São Paulo. Lessa estava no presídio de Campo Grande (MS). O ministro ainda retirou sigilo de parte de delação.