A Justiça prorrogou nesta sexta-feira (18/10) a prisão de quatro investigados no caso da infecção de transplantados por HIV no Rio, após erros do laboratório PCS-Saleme, contratado pela Fundação Saúde. A decisão é do Cartório da 2ª Vara Criminal.
Foram prorrogadas as prisões de:
Walter Vieira: é sócio do PCS Lab Saleme, médico ginecologista, responsável técnico do laboratório e signatário de um dos laudos errados. Vieira também é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ no ano passado.
Ivanilson Fernandes dos Santos: técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes.
Jacqueline Iris Bacellar de Assis: auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme e cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV.
Cleber de Oliveira dos Santos: Cleber é biólogo e técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes.
Os quatro foram presos na última semana: Walter e Ivanilson foram presos na segunda-feira, em uma operação da Polícia Civil. No mesmo dia, Jacqueline se apresentou à polícia. Já Cleber de Oliveira dos Santos foi preso na quarta-feira (16), após desembarcar de um voo de João Pessoa (PB).
Na delegacia, Cleber afirmou que não era funcionário do PCS.
Promotora fala em erros de exame para crianças
O laboratório PCS Lab Saleme, apontado pela Polícia Civil como responsável pelo erro que provocou a infecção por HIV em seis pacientes após o transplante de órgãos infectados, já emitiu dezenas de resultados com falso positivo e falso negativo para HIV, inclusive para crianças.
Essa foi a análise feita pela promotora de justiça Elisa Ramos Pittaro Neves, na representação feita pelo Ministério Público (MP) e enviada à Justiça nesta quinta-feira (17/10).
"Insta salientar que os investigados e o respectivo laboratório PCS Lab Saleme já emitiram dezenas de resultados com falso positivo e falso negativo para HIV, inclusive em exames de crianças, respondendo a inúmeras ações indenizatórias por danos moral e material", escreveu a promotora.
Segundo ela, a "reiteração dessa conduta demonstra total indiferença com a vida e a integridade física e psicológica de seus clientes, e da população como um todo".
Foi o MP pediu que os quatro investigados no caso tenham a prisão temporária prorrogada.
"Apesar das investigações estarem transcorrendo de forma regular, a gravidade dos delitos, o número de vítimas e a conduta reiterada dos investigados demandam tempo para que a investigação transcorra de forma regular, permitindo a colheita de elementos que corroborem com a formação da opinio delict do Ministério Público", dizia um trecho do documento.