O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o desbloqueio de um salário mínimo mensal da remuneração do delegado Giniton Lages. Ex-titular da Delegacia de Homicídios do Rio, ele é investigado pela Polícia Federal (PF) por supostamente ter garantido a impunidade dos mandantes do homicídio da vereadora Marielle Franco.
Lages foi alvo de um mandado de busca e apreensão expedido por Moraes no último dia 24. Na ocasião, foram presos também o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil e que o nomeou ao cargo; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão; e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).
Na decisão, Moraes afirma não existir motivos para modificação das medidas cautelares do delegado, sequer provisoriamente, pois permanecem "inalterados os requisitos fáticos" que motivaram a sua imposição. Além de estar afastado das funções, Giniton está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e é proibido de se ausentar da comarca.
O ministro, no entanto, defere parcialmente o pedido feito pela defesa do delegado acerca do bloqueio de contas bancárias e ativos financeiros. Atualmente, Lages ganha cerca de R$ 25 mil líquidos mensais da Polícia Civil.
Ao STF, Lages alegou necessitar da remuneração para prover o sustento da família, com o pagamento de despesas condominiais do apartamento em que residem e das mensalidades escolares de seus dois filhos menores de idade.
De acordo com a PF, enquanto os irmãos Brazão são apontados por Ronnie Lessa como os mandantes do crime, Barbosa teria agido para protegê-los. No dia seguinte aos homicídios, ele nomeou Lages que teria, segundo o inquérito, atuado para obstruir as investigações.