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A Câmara dos Vereadores do Rio aprovou nesta terça-feira, por 43 votos a sete, a permissão para agentes da Guarda Municipal trabalharem armados. A mudança na Lei Orgânica do município será promulgada pelo presidente Carlo Caiado (PSD) nos próximos dias, mas ainda é a primeira etapa para efetivamente armar a corporação. Ainda é necessário aprovar o Projeto de Lei Complementar (PLC) enviado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), que definirá as regras. A previsão, e desejo da prefeitura, é que a votação seja ainda neste primeiro semestre, mas ainda falta consenso em pontos sensíveis até na base aliada.
A Câmara promulgou a emenda à Lei Orgânica da Guarda Armada, com publicação no Diário Oficial do Município desta quarta-feira. A mudança na Lei Orgânica era debatida desde 2018 na Câmara. Ontem, o clima foi de tensão entre os vereadores, que trocaram provocações durante mais de 3 horas de discussões. Após a votação, o prefeito Eduardo Paes comemorou a aprovação e defendeu a contratação de temporários para atuarem na Força Municipal de Segurança, que seria um grupo de elite a ser criado dentro da Guarda Municipal:
"É hora de implementar a medida e criar uma divisão de elite muito bem preparada e treinada, que vai atuar no policiamento ostensivo. É hora de agir, tomando todas as medidas necessárias relacionadas ao treinamento e preparo, mas também ter muita firmeza para atuar na proteção dos cariocas nas ruas da cidade e no combate a crimes de rua que se tornaram uma situação fora de controle. Isso não é algo que vai acontecer do dia para a noite, mas tenho certeza que a gente vai poder, em parceria com as polícias Civil e Militar, enfrentar a violência que assola nossa cidade", disse.
A prefeitura quer armar 4.200 agentes da Guarda Municipal até 2028. Mas há dúvidas se isso será viável. O treinamento exigido previsto é rigoroso, incluindo avaliação psicológica.
O placar da votação desta terça-feira já seria o suficiente para Paes aprovar o PLC, já que precisa do apoio de somente metade dos 51 vereadores para aprovação. Enquanto a mudança na Lei Orgânica autorizou apenas que a Guarda possa portar armas, o PLC vai detalhar como essa autorização será aplicada na prática.
Sem acordos
Há pontos polêmicos que devem frear a tramitação do Projeto de Lei Complementar. O principal é a contratação de agentes temporários armados: o texto enviado pela prefeitura permite que agentes contratados temporariamente também sejam armados. Porém, alguns parlamentares dizem que isso é inconstitucional e que somente servidores concursados podem integrar os quadros da corporação, conforme prevê a legislação federal sobre as Guardas Municipais.
A Comissão de Segurança da Câmara, presidida por Rogério Amorim (PL), planeja ainda fazer uma Audiência Pública sobre o assunto. Também é alvo de debates na Câmara a devolução das armas após o expediente, pois a proposta de Paes prevê que, ao final do turno, os guardas entreguem as armas em locais específicos da prefeitura. Outra emenda já apresentada é a obrigação do uso de câmeras corporais pelos guardas armados, como na Polícia Militar.