Polícia mira quadrilha que pratica crimes de ódio contra crianças e adolescentes na internet

Investigação contou com a ajuda de agências dos EUA, que monitoram a atividade desses grupos em plataformas como o Discord.

Por Adriana França em 15/04/2025 às 11:12:13
Foto: Divulgação

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A Polícia Civil do RJ iniciou, nesta terça-feira (15/04), a Operação Adolescência Segura, em 7 estados, com o objetivo de desarticular uma das maiores organizações criminosas do país voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes.

Por enquanto 2 pessoas foram presas e 6 menores, apreendidos.

Agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav-RJ), com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), saíram para cumprir 2 mandados de prisão temporária, 20 mandados de busca e apreensão e 7 de internação provisória de adolescentes infratores em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A rede criminosa é responsável por diversos crimes graves no ambiente virtual, entre eles: Tentativa de homicídio; induzimento e instigação ao suicídio; Incentivo à automutilação; Armazenamento e divulgação de pornografia infantil; Maus-tratos a animais; apologia ao nazismo

A investigação revelou que o grupo se organizava virtualmente, por meio de plataformas criptografadas como Discord e Telegram, onde promoviam desafios e competições, sempre de crimes de ódio.

Ataque a sem-teto

As investigações iniciaram em 18 de fevereiro de 2025, quando um morador em situação de rua foi atacado e teve 70% do seu corpo queimado por um adolescente que atirou 2 coquetéis molotov em sua direção.

Em paralelo, Miguel Felipe, maior de idade, filmava e transmitia o evento em tempo real para cerca de 220 integrantes na plataforma Discord. Miguel Felipe foi preso, e o adolescente foi apreendido e internado provisoriamente pela Dcav.

"Só escutei o barulho e senti meu corpo queimando", diz vítima

Não foi fato isolado

Policiais da Dcav descobriram que o ataque não foi um fato isolado. "Os administradores do servidor utilizado no crime refletiam uma verdadeira organização criminosa altamente especializada em diversos crimes cibernéticos, tendo como principais alvos crianças e adolescentes", explicou a polícia.

"A atuação da quadrilha é tão significativa no cenário virtual que mereceu a atenção de agências independentes dos EUA, a HSI e NCMEC, que emitiram relatórios sobre os fatos, contribuindo com o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso."

A Dcav também descobriu que o bando se espalhava por diferentes plataformas digitais e utilizava mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, "em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes".

"Como estímulo, eram oferecidas recompensas internas para aqueles que se destacassem nas atividades criminosas", informou o MJSP.

Os alvos da investigação serão responsabilizados por diversos crimes, incluindo associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução ou instigação à automutilação (art. 122, §4º do Código Penal) e maus-tratos a animais (art. 32 da Lei 9.605/98). As penas podem ultrapassar 10 anos de reclusão.


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