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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (5/02) para reconhecer um "estado de coisas inconstitucional" na segurança pública do Rio de Janeiro, e para determinar uma série de medidas ao estado.
"Com a declaração de "estado de coisas inconstitucional", o tribunal reconhece que há violação sistemática e massiva de direitos humanos dos cidadãos. Pode, então, estabelecer que o poder público tome providências", disse Fachin.
Fachin é o relator da chamada 'ADPF das Favelas', ação que questiona a violência policial nas operações em comunidades do Rio.
O caso foi retomado pela Corte na sessão desta quarta. Após o voto do relator, a análise foi suspensa pelo presidente Luís Roberto Barroso. Segundo o magistrado, o tema deve voltar à pauta em um prazo de três semanas a um mês.
Propostas de medidas
Em seu voto, o ministro sugeriu uma série de providências:
- o estado deve tomar medidas administrativas e normativas para medir e monitorar as mortes causadas por policiais, detalhando indicadores como o uso excessivo da força policial e o número de civis vítimas de confrontos armados;
- divulgação de dados sobre a morte de civis e suas circunstâncias (locais, se foi em contexto de operação policial); também devem ser publicadas informações das mortes de policiais (se foi em serviço, por exemplo);
- estado deve organizar a política de segurança tendo como parâmetro a proporcionalidade no uso da força policial;
- deve ser elaborado um programa de assistência à saúde mental dos policiais, sendo obrigatória a avaliação psicossocial quando eles participarem de "incidentes críticos";
- helicópteros só devem ser usados nas ações policiais em casos de estrita necessidade, com relatório circunstanciado após a incursão;
- o cumprimento de mandados judiciais devem ocorrer durante o dia. Se a ação for sem mandado, ela deve ter base em "causas prévias e robustas de flagrante delito"; não pode ter base exclusiva em denúncia anônima;
- presença obrigatória de ambulâncias em operações policiais;
- as autoridades devem preservar vestígios de crimes, de modo a impedir remoção indevida de material que será usado em investigações;