O cenário para quem vive de aluguel no Brasil piorou significativamente nos últimos meses. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), o mais utilizado para reajustar aluguéis no país, registrou um aumento expressivo nos meses de outubro e novembro.
Nos últimos dois meses, o índice apresentou uma alta somada de 2,8%, o que representa metade do crescimento acumulado desde o início do ano, que é de 5,5%. Nos últimos 12 meses, o IGP-M acumula uma alta de 6,3%, valor que servirá de referência para o reajuste de contratos que fazem aniversário em dezembro.
Fatores que influenciaram o aumento:
Daniel Katz, vice-presidente de incorporadoras da Câmara do Mercado Imobiliário Secovi-MG, explica que o aumento expressivo nos últimos dois meses está relacionado principalmente ao Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que compõe 60% do cálculo do IGP-M. "Esse índice tem muito atrelado a commodities e 50% dele é atrelado à variação cambial. Sabemos o que aconteceu nos últimos dois meses, com o dólar ultrapassando os 6 reais", afirma Katz.
O especialista ressalta que o cenário atual é preocupante, mas lembra que o Banco Central tem aumentado a taxa Selic para tentar conter a inflação, o que considerada "um veneno para o consumidor e para a economia do Brasil".
Impacto nos contratos de aluguel:
Para os contratos de aluguel que vencem em dezembro, o reajuste será baseado no acumulado dos últimos 12 meses, que é de 6,33%. Katz destaca que o cenário piorou em comparação com o ano anterior, quando havia uma deflação de 3,45% no mesmo período.
Apesar do momento instável, o especialista não vê risco de o IGP-M voltar aos níveis de desconforto observados em períodos anteriores. No entanto, a situação continua sendo um desafio para inquilinos que enfrentarão aumentos significativos em seus aluguéis nos próximos meses.