Policiais da Operação Segurança Presente de Nova Iguaçu, resgataram 42 pessoas de um suposto centro de reabilitação clandestino denominado "Projeto DECAV", localizado na Rua Mato Grosso, nº 4930, em Campo Alegre. O local foi descoberto após denúncias de maus-tratos e trabalho em condições análogas à escravidão.
A equipe do Nova Iguaçu Presente foi abordada por dois homens, durante patrulhamento na Avenida Marechal Floriano Peixoto, centro de Nova Iguaçu. Eles relataram ter fugido no dia anterior (20 de julho) de uma clínica de reabilitação chamada "Projeto DECAV", localizada na Estrada Mato Grosso, nº 2315, em Campo Alegre. Os denunciantes relataram que estavam vivendo em condições de trabalho forçado, cárcere privado e afirmaram estarem sendo seguido pelo suposto presidente do projeto, que dirigia um Hyundai Vera Cruz e costumava andar armado.
Chegando ao local, os policiais foram recepcionados pelo suposto dono do projeto que foi informado sobre a denúncia e autorizou a entrada da equipe. Lá, foram encontrados dezenas de homens em condições sub-humanas. A inspeção constatou que o local era insalubre e não havia profissionais capacitados para realizar o atendimento clínico para dependentes químicos. O responsável também não apresentou nenhum documento que comprovasse que poderia funcionar como uma instituição de atendimento clínico.
Diversos relatos das vítimas indicaram que os internos sofriam maus-tratos e exploração de trabalho, sendo obrigados a realizar atividades laborais sem qualquer tipo de remuneração, recebendo apenas moradia e alimentação. Alguns internos foram levados pela família, enquanto outros se dirigiram voluntariamente ao local, mas, após a entrada, não podiam mais sair.
Os relatos indicaram ainda punições corporais, como tapas na cara em caso de tentativa de fuga ou recusa em trabalhar. Outra punição relatada consistia em "orar 20 minutos a cada 1 hora durante toda a noite". Além disso, havia homens que agiam como "vigias ou capatazes" encarregados de manter a ordem, evitar fugas e aplicar as penas corporais.
O líder do projeto e outros três pacientes que supostamente atuavam como vigias do abrigo foram encaminhados à 52ª DP e detidos pelo crime de cárcere privado. A Delegacia de Assistência Social da Prefeitura de Nova Iguaçu foi acionada e o caso foi encaminhado ao Ministério Público.
Além disso, foram apreendidos três rádios comunicadores e alguns cadernos de anotações.