O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, pediu esclarecimento ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, sobre operação ocorrida na Maré, nesta terça-feira, na zona norte da capital fluminense. "Intime-se mediante ofício, com urgência, a ser remetido pelo meio mais célere possível, o Excelentíssimo Governador do Estado do Rio de Janeiro, para que tome ciência da petição (eDOC 1008) protocolada neste Tribunal às 19h40, nesta data, e informe de pronto, nos autos, as providências tomadas", escreveu Fachin.
Fachin atendeu pedido do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro que determina a necessidade de ambulâncias na incursão policial onde possam ocorrer mortes, e que a operação ou incursão seja necessariamente realizada por policiais portando câmeras corporais para gravação dos seus atos, de modo ininterrupto.
Confrontos armados entre policiais e criminosos no Complexo da Maré, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, deixaram um policial militar morto e outro ferido. Os tiroteios ocorreram no início da manhã dessa terça-feira, devido a uma operação da Polícia Militar (PM) na área para prender suspeitos de roubo de veículos em vias expressas da cidade. Até o período da noite, 24 pessoas foram presas e 11 fuzis foram apreendidos, além de outras armas e recuperação de veículos roubados, conforme balanço divulgado pela Polícia Militar.
Resposta do Governador
Em resposta ao ofício do Supremo Tribunal Federal, o governador Cláudio Castro reforçou que os protocolos estabelecidos pela ADPF 635 foram cumpridos.
"O Ministério Público e as secretarias municipal e estadual de Saúde e Educação foram comunicados previamente sobre a ação. Ativamos o planejamento de prevenção com ambulâncias no entorno, agentes estavam utilizando câmeras portáteis corporais. Todos os questionamentos feitos pelo STF serão respondidos nos autos do processo", destacou o governador, que lamentou novamente a morte do sargento J. Cruz.
O governador ressaltou que a operação teve seus objetivos cumpridos com inteligência e uso da tecnologia. Ao todo, 23 suspeitos foram presos e um adolescente apreendido.
"Os objetivos da operação foram atingidos e os resultados baseados em inteligência e tecnologia. Foram diversas apreensões, 24 suspeitos detidos, e destes, sete de Minas Gerais e um do Ceará. O que mostra a importância de uma ação como essa, que olha o problema da segurança como uma questão nacional, não exclusiva do Rio de Janeiro. E o estado precisa, sim, da ajuda das forças federais para que possamos fazer o verdadeiro combate ao crime", acrescentou Castro, lembrando que armas e drogas entram pelas fronteiras, pelos portos, pelos aeroportos, pelas estradas.
O secretário de Estado de Segurança Pública, Victor dos Santos, reiterou a necessidade da operação para coibir a criminalidade e destacou que o Estado não será complacente com ações de bandidos.
*Criminosos vêm de outros estados e tentam se esconder em comunidades do Rio. Na capital está o maior desafio. O recado que fica é que, dentro da legalidade, vamos seguir nos aperfeiçoando, nos capacitando e investindo em tecnologia e inteligência para prestar o melhor serviço de Segurança Pública à população fluminense", ressaltou o secretário.
O secretário de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, lamentou a morte do sargento J. Cruz e se solidarizou com amigos e familiares, atestando a técnica e o planejamento estratégico operacional da ação.
"Nos despedimos de um companheiro valente, aguerrido e que foi vítima daqueles que atuam contra a sociedade, mas que nos deixou honrando o cumprimento de nosso dever. E é justamente pelo seu esforço e de outras centenas de membros do BOPE, assim como de nossos milhares de policiais, que não vamos recuar e nos manteremos firmes e atuantes. Mesmo diante das ações inconsequentes desses criminosos, nós conseguimos capturar 24 dos envolvidos e retirar diversas armas de guerra de seu poderio no Complexo da Maré. Vamos continuar trabalhando de forma planejada e precisa nesse sentido, o de desarticular esses grupos que insistem em tentar tirar a paz dos cidadãos do Rio de Janeiro", pontuou o comandante-geral da PMERJ.
Sete criminosos de Minas Gerais estão entre os 24 presos na operação do Complexo da Maré. Cinco dos sete presos de Minas são da Vila Joana D"Arc, na região do Barreiro de Belo Horizonte, e seriam comandados por Israel Efraim Gomes, vulgo Rael, chefe do tráfico na região que se encontra preso no presídio federal de Catanduvas, no Paraná.
Um dos presos no Complexo da Maré é suspeito de executar a tiros Etelvino de Souza Ferreira Neto, que era conhecido como Telvino, no dia 18 de abril deste ano, na Grande BH.