O crescente problema do uso inadequado das redes sociais, que muitas vezes resulta em consequências trágicas foi assunto do I Fórum de Saúde Mental, em Queimados, nesta segunda-feira (29). Sob o tema "Cyberbullying: o uso inadequado das ferramentas das redes sociais", o evento organizado pela Secretaria Municipal de Saúde reuniu profissionais de diversas áreas, incluindo saúde, assistência social e segurança, além da sociedade civil, no cineteatro do Centro de Artes e Esportes Unificados, para debater estratégias e buscar soluções para este problema.
O fórum serviu como plataforma para discutir os desafios enfrentados pela sociedade em relação ao uso abusivo das redes sociais. Durante o evento, foram discutidos tópicos, incluindo a conscientização da população sobre os perigos do cyberbullying, a importância da educação digital, o papel dos pais, das autoridades e instituições na promoção de um ambiente online mais seguro.
Dados do Instituto Ipsos, revelam que o Brasil é o segundo país do mundo que mais registra casos de cyberbullying, atrás apenas da Índia. Uma pesquisa do IBGE aponta que, um em cada dez estudantes sofre esse tipo de agressão online. Recentemente, o Governo Federal sancionou a Lei 14.811, incluindo os crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal. A secretária da Pasta, Marcelle Nayda, explica que a ideia de realizar o fórum surgiu após o trágico episódio envolvendo a jovem Jéssica Vitória, vítima de notícias falsas nas redes sociais, resultando em sua morte,
"Hoje, quando falamos sobre saúde mental, esquecemos de abordar sobre o uso inadequado das redes sociais e da internet. Infelizmente, a ação de disseminar informações falsas sobre uma pessoa acarretou que ela tomasse uma decisão fatal. Isso pode ter sido motivado pela soma de outros problemas e até mesmo das mentiras espalhadas. E muita das vezes esquecemos que do outro lado da tela tem um ser humano movido por emoções", explicou a gestora e também psiquiatra.
Os profissionais de saúde compartilharam alguns casos que causaram impactos psicológicos sobre o uso inadequado das redes sociais, além de apresentar sinais sobre dependência da tecnologia e estratégias eficazes de prevenção e combate. 7% dos pais entrevistados numa pesquisa realizada pela Find My Kids disseram nunca ter falado com seus filhos sobre cyberbullying. A psicóloga, Daniela Souza, disse que manter um diálogo sobre o assunto com as crianças é necessário na rotina de criação.
"O monitoramento do uso dessas ferramentas é de responsabilidade dos pais. Por isso, a busca por um diálogo aberto, honesto e tempo de qualidade, como almoçar ou jantar juntos pode ser uma boa oportunidade para falar sobre os perigos do uso incorreto, pois infelizmente a internet causa uma ilusão que as pessoas são legais e te adoram", disse.
Já a coordenadora de Saúde Mental, a psicóloga Tânia Alves, reforçou a importância da campanha Janeiro Branco. "O tema é muito atual. E esse é um mês dedicado para conscientizar os cuidados com saúde mental, pois se não for tratado agora e bem conversado com nossas crianças e jovens, daqui a um tempo as cidades não terão capacidade para tratar isso. E a dependência tecnológica, que é um grande fator de risco para a saúde como um todo, se dá muito pelo tempo de isolamento", apontou.